sábado, 2 de fevereiro de 2013

Estupidamente Correto

    Minhas férias estão terminando e tenho algo a dizer que me incomoda há tempos, mas que foi realçado por um fato corriqueiro em uma viagem que fiz.
    Estava chegando a uma cidade do litoral paulista e, bastante concentrado no trânsito para não fazer nenhuma bobagem, entrei na avenida que estava procurando.
   Alguns metros à frente, um carro que vinha no sentido contrário deu luz alta (era dia ainda) e eu pensei que estava na contra-mão. Mais atrás deste veículo, um senhor de idade vociferava algo que não entendi a princípio. Parei o carro no meio da avenida. pus a cabeça para fora e perguntei, aflito e envergonhado:
   "Estou na contra-mão?"
    O motorista revelou, meio bravo, meio constrangido por perceber que não era o que ELE pensava:
   "É uma cadeirante, é uma cadeirante!"
    Foi aí que percebi que não tinha dado passagem para uma cadeirante, que estava assessorada por umas duas pessoas e aguardava no meio-fio para atravessar a avenida.
    Muito chateado com aquele fato percebi mais uma vez que estamos no Brasil mesmo.
    Obviamente sou muito a favor à cortesia com portadores de necessidades especiais, idosos e outras pessoas com limitações. O que é errado é a desproporção hipócrita na reação desse meu "caso". Desculpem pelo julgamento, mas aquele senhor não estava simplesmente tentando proteger aquela pessoa, afinal eu estava muito lentamente e cuidadoso na pista e ela não estava sozinha...
    Faltou um pouco mais de atenção e visão periférica de minha parte, mas alto lá! Reagir como se eu fosse um delinquente foi demagogo e absolutamente estúpido por parte daquelas pessoas. Eu, no lugar delas ficaria envergonhado (assim como eu fiquei) e pensaria comigo:
   "Tenho tantas e tantas coisas para me indignar com esse meu Brasil, mas só reajo quando é conveniente para mim. Tenho tantos motivos para ficar bravo - não é, Senado?- mas só o fico quando tenho que cortar na minha própria carne. Tenho tantas coisas nas quais preciso ser correto, como exemplo, não querer levar vantagem em tudo (filosofia brazuca desde Gérson), mas prefiro ser politicamente correto em público, quem sabe para aplacar minha consciência de cidadão nulo e egoísta"
    Gostaria de ter tido a oportunidade de pedir desculpas àquela cadeirante, que- percebi pelo retrovisor- estava sã e salva, aguardando alguém mais atento do que eu naquele momento para atravessar a avenida, o que de fato deve ter acontecido, dada a comoção (exagero meu, lógico) para que ela conseguisse! E talvez a oportunidade de conversar, ao sabor de um amistoso café, com o senhor irado, sobre a diferença entre o politicamente correto e o ESTUPIDAMENTE correto.

2 comentários:

  1. Prezado Alex,

    Certa vez parei em uma rua movimentada para dar passagem a pessoa idosa, tal a preocupação em ser gentil e educado e, quando a idosa atravessou a rua acompanhada, outro veículo me ultrapassou e quase atropelou a idosa e a acompanhante. Em outra ocasião dei passagem para um veículo que estava tentando sair do pátio de uma locadora e logo a frente tinha uma parada obrigatória, quando dei sinal, o veiculo entrou rapidinho e o carro da frente parou, na parada obrigatória e, como resultado, o carro a quem dei passagem bateu na traseira do carro da frente e, eu o gentil, fui embora.
    Moral da história: "Devemos obedecer a regulamentação demarcatória de trânsito (placas) e, gentilezas, sempre que possível desde que não comprometa a segurança.
    A última: Quase atropelei um jovem em Brasília. Saí com o carro do meu tio e em uma daquelas avenidas grandes o jovem se aproximou da via, em cima da faixa de pedestre e entrou na frente do carro contando que eu fosse parar. A sorte minha e dele é que eu estava procurando endereço e portanto estava devagar e, em freada brusca consegui parar. Tudo porque eu não tinha a informação de que em Brasília, mesmo que não haja sinal eletrônico de trânsito, você tem que parar para o pedestre atravessar.
    Portanto, amigo, não se sinta culpado de nada, o trânsito é muito dinâmico e como toda pessoa responsável percebi que você não colocou a vida de ninguém em risco.
    Abraço!
    smaf

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    1. Obrigado, meu caro.
      Pelo comentário e por me fazer acreditar que este País ainda tem pessoas como você. Que pensam.
      Um abraço e venha sempre no blog.

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